Qual é a tua cara?

Publicado em 23 de Julho de 2019

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Inteligência Emocional Liderar a si próprio

Há alguns anos, a minha esposa disse-me que eu fazia uma "cara", mas não acreditei. O que ela quis dizer foi que eu fazia uma expressão facial particularmente pouco atraente que exibia involuntariamente quando me sentia frustrado pela minha incapacidade de ser compreendido por alguém. O que aquela expressão facial realmente mostrava era que eu estava aborrecido com a pessoa que não me entendeu, e que eu achava que ela merecia ser punida por causa da sua estupidez.

Desde então, tenho vindo a aprender, com a ajuda dos meus colegas do The Table Group, que às vezes faço essa “cara”. Mesmo que eu tenha dificuldade em entender a expressão que faço (parece exigir um alerta emocional), estou bem ciente de que ela provoca uma reação indesejada da parte daqueles que tem o azar de o testemunhar.

Cheguei recentemente à conclusão de que todos fazem uma “cara”. Geralmente ela é o produto de uma emoção forte que é difícil descrever, e por isso é retratada de forma imprecisa.

Assim, cheguei recentemente à conclusão de que todos fazem uma “cara”. Geralmente ela é o produto de uma emoção forte que é difícil de descrever, e por isso é retratada de forma imprecisa, e frequentemente mais extrema do que aquilo que queremos que seja. Por exemplo, uma das minhas colegas sente-se frequentemente frustrada por não conseguir verbalizar adequadamente a sua preocupação aos outros no momento, e o seu rosto retrata um nível de autocomiseração que raia o paternalismo. Não é isso que ela quer retratar, mas é isso que acontece. É a “cara” dela.

Tenho outra colega que quando se sente dececionada por alguém, mostra uma cara de julgamento crítico. É como se estivesse a pensar: “Isso é o melhor que sabes fazer? A sério? Que triste.” Ela não sabe que está a transmitir essa mensagem, mas os seus colegas - o seu marido e filhos – sentem logo.

Por que que razão é importante sabermos quais são as nossas “caras” e quando e por que razão exibimos essas expressões? Porque, se não o fizermos, ficaremos confusos com as reações dos nossos funcionários e membros da equipa que não têm outra escolha senão responder ao conteúdo emocional do que vêem. E as suas reações só vão agravar o que nossas expressões faciais já estão a exagerar, levando a mais mal-entendidos. Se isso soa trivial, entende que isso pode levar a uma quebra de confiança e a divisões desnecessárias entre pessoas que não têm nenhuma razão concreta para estar em desacordo.

A solução para este problema é que cada um de nós identifique, provavelmente com a ajuda de nossos colegas e familiares, quais são essas expressões faciais. Uma vez que as identificamos, precisamos não só convidar os colegas e familiares a avisar-nos quando mostramos essa “cara”, mas, exortá-los a dizer-nos! Precisamos pedir-lhes que nos alertem quando acidentalmente expressamos uma emoção que não é intencional, para que possamos parar e explicar o que realmente estamos a sentir e permitir que outros nos ajudem a lidar com esses sentimentos.

Precisamos pedir-lhes que nos alertem quando acidentalmente expressamos uma emoção que não é intencional, para que possamos parar e explicar o que realmente estamos a sentir e permitir que outros nos ajudem a lidar com esses sentimentos.

A minha esposa, acidentalmente, inventou uma maneira divertida de identificarmos e ficarmos cientes das nossas expressões num ambiente de equipa ou família. Aconteceu numa noite em eu estava um pouco rabugento e crítico, e ela disse: "Tu estás um pouco áspero, não?" Depois riu-se e disse: "Ei, esse devia ser o teu nome de DJ – “DJ Áspero". Depois de ultrapassar a picada inicial da sua descrição tão precisa, percebi que essa era uma boa maneira de descrever a minha cara. Então, no escritório, anunciei o meu novo apelido e ajudei toda a gente a criar os seus próprios nomes de DJ. Agora temos o DJ Aziado, o DJ Menosprezo, o DJ Aborrecido, DJ Negação, DJ Dececionado, DJ Espinhos, DJ Condescendente, DJ Paternalista e DJ Tenso. Isso pode parecer uma parvoíce, mas durante o dia, estávamos a usar esses termos para nos descrevermos uns aos outros nos momentos de stress, e isso trouxe uma verdadeira clareza, já para não dizer “humor”, em situações que poderiam ter sido desnecessariamente tensas.

Fica a pergunta: Qual é a tua “cara”? Qual seria o teu nome de DJ?

 

Artigo em inglês: https://globalleadership.org/articles/leading-yourself/whats-your-face/

Sobre o Autor
Patrick Lencioni

Patrick Lencioni

Autor Bestseller; Fundador e Presidente

The Table Group, Inc.

Patrick Lencioni é o autor de 10 livros sobre negócios que já venderam quase 5 milhões de cópias, incluindo The Five Dysfunctions of a Team. Dedicou-se a oferecer às organizações ideias, produtos e serviçs que aceleram o trabalho em equipa, clareza e envolvimento dos empregados. Os seus modelos de liderança alimentam uma base diversificada desde empresas e clubes desportivos da Fortune 500, a organizações e igrejas.

Anos no GLS 2003, 2006, 2011-2014, 2016